Um fato que me impressiona é o modo como nós, seres humanos, costumamos rotular as outras pessoas. Por exemplo, basta alguém se vestir de preto e usar franja para se dizer que é emo. Ou ter convicções religiosas para ser considerada fundamentalista ou mística. O problema desta abordagem simplista e superficial de criar "pacotes" de comportamentos para distinguir as pessoas é que deixamos de ouvir o que elas têm a dizer. Damos uma olhada nelas e as colocamos em determinado "pacote". Com isto temos a ilusão de que já sabemos o que importa sobre elas e o que elas têm a dizer, porque temos uma lista de itens que caracterizam as pessoas do "pacote".
Li em uma ocasião que as pessoas raramente perguntam, ao ouvir algo, se aquilo é verdade, mas ao invés: "quem acredita nisto?" E se aqueles que têm mais prestígio entre elas, como phds ou líderes religiosos, ou ainda, a maioria, não acredita naquilo, então elas também não. Desta forma, renunciam ao próprio raciocínio e se submetem ao julgamento de outros.
Palavras são ouvidas, mas o preconceito impede que os argumentos sejam avaliados imparcialmente. Contaram-me sobre um filme que foi feito a respeito de um caso que aconteceu nos Estados Unidos há anos atrás. Uma menina negra foi estuprada por um homem branco e seu pai matou o estuprador. O pai foi preso e ia receber uma forte condenação. O advogado fez sua defesa esmiuçando os terrores pelos quais a criança passou e o que ela sofreu, mas o que foi crucial na decisão dos jurados foi a frase com a qual ele terminou seu relato: "Agora imaginem que esta menina era branca."
Da próxima vez em que você encontrar alguém, esqueça suas roupas, sua posição social, sua cor, sua opção sexual, sua religião e imagine que esta pessoa é alguém que tem credibilidade no seu conceito. Feche os olhos e imagine que é aquela pessoa falando. O que ela diz faz sentido?
Obs: Não defendo a posição de se fazer justiça pelas próprias mãos, mas, este caso do pai não podia ser igualado ao de alguém que planejou um assassinato ou que matou durante um assalto.
Engraçado é que a maioria das pessoas faz isso e ao mesmo tempo diz que odeia rótulos.
ResponderExcluirMuito bom o texto!
ResponderExcluirÉ quase inivitável encaixarmos as pessoas em pacotes, tendemos a tentar entendê-las com base em "análise estatística" superficial. Acho que o problema principal surge quando deixamos que esses nossos preconceitos nos impeçam de entender os outros como, de fato, eles são (ou aproximadamente). Por isso acho que processos periódicos de auto-reciclagem mental podem ser úteis... =)
É verdade minhas bloglósofinhas prediletas. Tenho orgulho destas meninas.
ResponderExcluirBeijo paras as duas.
Rotulando: Você é de Peixes, certo?
ResponderExcluirHehe...
Como bom mentiroso compulsivo (que é quase como um alcóolatra anonimo... nuca se deixa de ser, sempre temos que ficar vigilantes para não cairmos no erro novamente), tenho estudado mais e mais a natureza da verdade.
E comento que a verdade é o que é falado primeiro - mesmo que seja mentira. As pessoas aceitam, desde que seja o mínimo plausível de acontecer. Então, a próxima pessoa que fala - mesmo falando a verdade - deverá argumentar para provar que a primeira idéia é mentira e que a sua idéia é verdadeira.
Por isso que existem os exteriótipos: as pessoas julgam sem saber e, muitas vezes, não são corrigidas. Então, como o primeiro adjetivo que foi falado para "Emo" é "homossexual", todos aceitam, sem ao menos conversar com um "Emo"...
Tudo isso, fruto da ignorância e comodismo da humanidade.
Legal, Arthur, é essa a idéia!
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