quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Deus existe? A Evolução é um fato?

Pretendo terminar a série de posts "Misticismo X Racionalidade". Mas antes de continuar sobre o tema, pretendo dar uma pausa para considerar estas questões acima. Elas poderiam ser consideradas em posts separados, pois são dois assuntos diferentes. Crer em um Deus não implica em não crer na Evolução e acreditar na Evolução não implica em não crer em um Deus. Mas estou colocando estas duas questões juntas porque até a divulgação da “Origem das Espécies” de Charles Darwin não se considerava haver contradição entre a crença em Deus e a Ciência. Inclusive a maioria dos primeiros cientistas, daqueles que descobriram o método científico, como Galileu, Newton, Da Vinci e outros, criam em Deus e essa crença os induziu ao desenvolvimento do método cientifico, que é um tema para um post futuro. Foi somente depois que a “Origem das Espécies” ganhou status de “teoria científica” que a crença em Deus passou a ser algo a ser estigmatizado pelo que se acredita ser a maioria acadêmica, embora se estime que cerca de 2/3 dos cientistas atuais creiam em Deus (www.msnbc.msn.com/id/8916982/ns/technology_and_science-science/t/scientists-belief-god-varies-discipline/). Na verdade, as questões acima se desdobram em várias outras, mas eu resumiria tudo em quatro questões principais: Existem boas razões para crer na existência de Deus? Existem boas razões para não crer? A Evolução pode ser considerada um fato? Existem evidências contrárias?


Com relação as duas primeiras questões, eu pretendo enumerar algumas razões para elas que costumam ser mais comuns, mas com certeza, não tenho a pretensão de esgotar o tema. Com relação às duas últimas, é importante definir os significados das palavras “fato”, “evidência” e “ciência”, entre outras.


Procurei na internet algumas estatísticas de quantas pessoas ao redor do mundo creem em algum deus. Concluí, se elas estão corretas, que acima de 75% das pessoas, mais ou menos, acredita em algum tipo de deus. Não é preciso muita habilidade para perceber isso. A maioria das pessoas têm alguma forma de religião que propõe alguma forma de divindade ou ser superior. Maioria pode ser considerado um bom argumento para muitos; essa é uma razão que muitos costumam apresentar para suas atitudes e crenças. Pessoalmente, considero essa uma péssima razão. Basta pesquisar um pouco a história do mundo para perceber como as maiorias estiveram erradas em incontáveis exemplos através da história. Por muito tempo, maiorias acreditaram que a Terra fosse o centro do Universo, que a vida podia surgir de restos orgânicos, que mulheres eram menos capazes que os homens, entre outras ideias que já prevaleceram nas sociedades. Maiorias podem decidir eleições, mas não garantem que as escolhas sejam as melhores. Uma razão aparentemente boa para não se crer em Deus seria o fato de não se poder vê-lo ou tocá-lo.

Contudo, muitas tecnologias utilizadas em nosso mundo estão baseadas em teorias que são abstratas e das quais podemos apenas ter evidências. É o caso da relatividade, mecânica quântica e outras teorias. Mas, antes de prosseguir com estas duas questões, consideremos, por um momento, as questões relativas a definições de palavras e Evolução.


As definições para “fato”, encontradas em dicionários, são do tipo algo “real” ou “verdadeiro”, “que existe”. Já “evidência”, no contexto científico, é uma informação que altera a probabilidade de hipóteses relevantes. Portanto, uma evidência favorável a uma hipótese aumenta a probabilidade dessa hipótese se confirmar. “Ciência” seria o método científico em funcionamento, o qual consiste, basicamente, em observação controlada (observação preliminar, planejamento da coleta de informações, coleta de informações, elaboração de dados a partir das informações coletadas, tudo isso seguindo critérios da Estatística e da Teoria da Informação) e sistematização formal, que é o processo de elaborar e utilizar modelos matemáticos que expressem aspectos do assunto em estudo1. Normalmente, em Ciência, as coisas raramente podem ser ditas como “provadas”, mas geralmente, a maior parte dos dados ou leis obtidos em Ciência são evidências para algo. Assim, considerando a evolução das espécies, como proposta por Charles Darwin e posteriormente corrigida para o Neodarwinismo, do ponto de vista da definição de Ciência proposta acima, ela está, basicamente, restrita à primeira parte do método científico apenas, pois não existe um modelo matemático abrangente do qual surjam naturalmente as proposições evolutivas ou que faça uso formal (matemático) delas: mutações e seleção natural2. E isto não entra no mérito de elas serem ou não boas ideias, apenas que não se encaixam na plenitude do método científico, como fazem, por exemplo, a Relatividade Geral, a Mecânica Quântica, etc. Com respeito a evidências, por exemplo, as que serviriam para solidificar hipóteses como o ancestral comum ou as modificações sofridas até se obter a diversidade de seres existentes hoje são praticamente inexistentes ou duvidosas. Por exemplo, o registro fóssil não apresenta as diferentes graduações até as formas atuais, salvo algumas poucas formas que poderiam ser consideradas como intermediárias. O que se observa é não uma evolução gradual até os estágios atuais, mas quase todo o tempo dado para a idade da Terra com poucas formas de vida e, de repente, no período Cambriano, uma explosão de formas de vida complexas. Ou seja, repentinamente, aparece uma multidão de formas de vida complexas sem nenhuma forma intermediária anterior aparente. E quanto ao ancestral comum, por exemplo, ele teria supostamente surgido de uma célula primordial que teria descendido de algum grupo de moléculas orgânicas originais, RNAs primitivos ou um ciclo metabólico simples, coisas que se têm demonstrado em experimentos de laboratório altamente improváveis. O maior argumento a favor da Evolução é que a maioria acadêmica aceita esta hipótese. E a realidade é que este é motivo suficiente para muitas pessoas.


Voltando às questões sobre a existência de Deus, uma pergunta comum que é feita por muitos que não acreditam nEle é a seguinte: Se Deus existe e criou tudo, quem criou Deus? Esta pergunta, em termos de lógica, é semelhante a que os antigos faziam sobre o nosso planeta: o que acontece quando chegamos ao fim do mundo: podemos cair da borda da Terra? Em outras palavras: este tipo de pergunta apenas demonstra nossa falta de conhecimento para lidar com o assunto: essas perguntas não fazem sentido quando se entende a realidade; precisam ser modificadas. Deus, não sendo limitado por tempo e espaço e existindo além deles, não pode ser sujeito às mesmas leis físicas que nós. Não se pode falar em criação (algo que supõe tempo) do que existe for a do espaço-tempo. Outra questão comumente apresentada é quanto à presença do mal ou sofrimento: se Deus existe por que permite as guerras ou as doenças ou a injustiça? A resposta para este tipo de questão requer considerações de mais alto nível do que a anterior e não pode ser encontrada simplesmente pelo estudo da Natureza. A Bíblia apresenta a resposta para esta questão. A resposta, resumidamente, é que a presença do mal em nosso planeta é o resultado da escolha dos ancestrais humanos. A eles foi dada a liberdade de escolherem o governo de Deus ou não no planeta. A escolha contrária ao governo de Deus, cujas leis promoveriam o máximo bem-estar no planeta, significou que as coisas não funcionariam mais como planejadas, e isto implicou em mau funcionamento que gera sofrimento e injustiça. Mas por que Deus permitiu que isso acontecesse? - muitos perguntam. Porque Ele não queria que os seres humanos fossem autômatos programados para fazerem o que os programou para fazer, queria que eles fossem semelhantes a Ele, capazes de fazer escolhas inteligentes, capazes de amar por entendimento e livremente. Ele previu o que aconteceria com a humanidade e providenciou um plano para corrigir o mal, o qual está em andamento. É verdade que há muito sofrimento na Terra, muitos sofrem sem causa, mas em muitos casos, as pessoas que sofrem trouxeram sobre si mesmas o sofrimento por seus maus hábitos, por suas escolhas. No plano de Deus para corrigir o mal, Ele sofreu (na pessoa de Jesus Cristo) mais do que qualquer ser humano jamais sofrerá. Sobre Ele foi colocada a culpa por toda transgressão já praticada no planeta. Sob o peso dessa culpa seu coração se rompeu e quando os soldados romanos retiraram o corpo da cruz, uma lança rasgou o peito de Jesus e dali saiu “sangue e água” (João 19:34). Agora, imagine essa história, por um momento: todas as divindades em todas as culturas recebem a adoração de seres humanos e todas concedem dons ou favores, mas todas permanecem na sua esfera superior ou se elas viessem a Terra não seria para serem pobres, sofredoras ou rejeitadas, mas principalmente, não viriam para pagar por um crime que não cometeram, muito menos por todos os crimes já cometidos. E por que tudo isso? Para colocar o ser humano novamente na sua condição original, por amar tanto essas criaturas que formou que não deseja perdê-las apesar do que elas trouxeram sobre si mesmas. De um ponto de vista egoísta, seria mais fácil deixar estas criaturas simplesmente morrerem conforme elas escolheram.


Já um cientista chamado Maupertuis inspirado na ideia de que tudo o que Deus faz é perfeito descobriu o princípio da ação mínima, do qual derivam todas as leis da Física.


Existem, com certeza, muitas questões que poderiam ser adicionadas aqui, mas como disse, não pretendo esgotar o assunto. Mas gostaria de acrescentar alguns motivos para acreditar em Deus.


Porque a vida não parece ter-se originado por acaso (seguindo meramente leis químicas e físicas), isto tem-se demonstrado altamente improvável.


Porque a história tem seguido em detalhes (até com datas específicas) previsões das profecias bíblicas.


Porque a fé no Deus bíblico está por traz dos melhores avanços da humanidade, como a observação da natureza, o respeito aos direitos humanos, o desenvolvimento do método científico e, acima de tudo, regeneração da humanidade.

1O Método Científico. Eduardo F. Lütz

2Entenda-se que não estou me referindo a alguns cálculos matemáticos, mas a um modelo matemático abrangente para a Evolução das Espéicies.