segunda-feira, 29 de março de 2010

Obrigada



Por chegar e me fazer acreditar
Em coisas que já tinha esquecido
Por sua capacidade de amar
Por cada gesto desprendido

Por seu jeito de menino
E coração fraternal
Por seu tato fino
E olhar angelical

Por ser tão suave
E ao mesmo tempo tão forte
Por encontrar a chave
Que abre os tesouros da sorte

Por construir um castelo
Para a estrela brilhante
Por um coração tão belo
E um sorriso contagiante!

Por ser puro e espontâneo
Como uma criança
Mas firme e idôneo
Como o brilho da esperança!

Por sua alma dourada
Por ser o filho que não nasceu
Por ser fiel a sua amada
E restaurar a esperança que morreu

Obrigada por existir
E estar nas mãos de Deus
Por minha fé restituir
Quando ao mundo eu disse adeus!

terça-feira, 23 de março de 2010

Os Manuscritos do Mar Morto

Em 1947, um garotinho beduíno saiu à procura de algumas cabras perdidas e encontrou diversos jarros com pergaminhos em um gruta na região de Qumran, próximo ao Mar Morto. Outras cavernas foram posteriormente investigadas. Entre os rolos, havia muitas cópias do Antigo Testamento datadas de 300 a.C.

A enciclopédia online Wikipédia diz o seguinte sobre estes manuscritos:

"Antes da descoberta dos Rolos do Mar Morto, os manuscritos mais antigos das Escrituras Hebraicas datavam da época do nono e do décimo séculos da era cristã. Havia muitas duvidas se se podia mesmo confiar nesses manuscritos como cópias fiéis de manuscritos mais antigos, visto que a escrita das Escrituras Hebraicas fora completada bem mais de mil anos antes.

Mas o Professor Julio Trebolle Barrera, membro da equipe internacional de editores dos Rolos do Mar Morto, declarou: 'O Rolo de Isaías [de Qumran] fornece prova irrefutável de que a transmissão do texto bíblico, durante um período de mais de mil anos pelas mãos de copistas judeus, foi extremamente fiel e cuidadosa.'" (http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuscritos_do_Mar_Morto).

O interessante é que no livro de Isaías encontramos uma profecia sobre o futuro Messias de Israel. O texto é o que se encontra abaixo em uma versão online da Bíblia para o português:

"Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime. Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava tão desfigurado que não era o de um homem, e a sua figura não era a dos filhos dos homens), assim ele espantará muitas nações; por causa dele reis taparão a boca; pois verão aquilo que não se lhes havia anunciado, e entenderão aquilo que não tinham ouvido.
Quem deu crédito à nossa pregação? e a quem se manifestou o braço do Senhor?
Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos.
Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.
Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca. Pela opressão e pelo juízo foi arrebatado; e quem dentre os da sua geração considerou que ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do meu povo?
E deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte, embora nunca tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano na sua boca.
Todavia, foi da vontade do Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.
Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo justo justificará a muitos, e as iniqüidades deles levará sobre si.
Pelo que lhe darei o seu quinhão com os grandes, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu." Isaías 52: 13-15 e cap. 53.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O Sonho do Eleitor

O texto que segue é uma tradução de extratos da obra de D'Aubigne,
"History of the Reformation of the Sixteenth Century" (História
da Reforma do Sexto Século), livro 3, capítulos 4 e 5.

O eleitor Frederico da Saxônia, dizem as crônicas da época, estava em seu palácio de Schweinitz, seis léguas de Wittenberg, quando, em 31 de outubro, cedo de manhã, estando com seu irmão, o duque Jonh, que era então co-regente, e que reinou sozinho após sua morte, e com seu chanceler, disse: "Devo contar-lhe um sonho, irmão, que tive na última noite, e do qual eu gostaria de saber o significado. Ele está tão firmemente gravado em minha memória que nunca o esquecerei, mesmo se eu vivesse mil anos; pois ele ocorreu três vezes, e sempre com novas circunstâncias."

Duque John: -"Foi um sonho bom ou mau?"

O eleitor: -"Não sei dizer: Deus o sabe."

Duque John: -"Não se perturbe com isso: deixe-me ouvi-lo."

O eleitor: -"Tendo ido para a cama na noite passada, cansado e desanimado, logo adormeci após minhas preces, e dormi calmamente por cerca de duas horas e meia. Então despertei e todos os tipos de pensamentos ocuparam-me até a meia-noite. Refleti sobre como observaria o festival de Todos-os-Santos; orei pelas almas miseráveis no purgatório e pedi que Deus me guiasse, meus concílios e meu povo, de acordo com a verdade. Então adormeci novamente, e sonhei que o Todo-poderoso enviou-me um monge, que era um verdadeiro filho de Paulo, o Apóstolo. Ele estava acompanhado de todos os santos, em obediência à ordem de Deus, para dar seu testemunho, e para assegurar-me de que ele não veio com qualquer intenção fraudulenta, mas que tudo o que ele faria estava de acordo com a vontade de Deus. Eles pediram minha generosa permissão para deixá-lo escrever alguma coisa nas portas da capela do palácio de Wittenberg, o que concedi através de meu chanceler. Nisto, o monge se dirigiu para lá e começou a escrever; tão grandes eram os caracteres que eu pude ler de Schweinitz o que ele estava escrevendo. A pena que ele usou era tão longa que sua extremidade alcançou Roma, onde ela penetrou nos ouvidos de um leão que estava ali e sacudiu a triplice coroa na cabeça do papa. Todos os cardeais e príncipes correram rapidamente e se esforçaram para sustentá-la. Você e eu oferecemos nosso auxílio: eu estiquei meu braço... neste momento acordei com meu braço estendido, com grande preocupação e muito zangado com esse monge, que não conseguia controlar melhor sua pena. Recuperei-me um pouco... era apenas um sonho.

"Estava ainda meio adormecido, e mais uma vez fechei meus olhos. O sonho começou novamente. O leão, ainda perturbado pela pena, começou a rugir com toda a sua força, até que toda a cidade de Roma, e todos os estados do Santo Império, correram para saber qual era o problema. O papa chamou-nos para nos opormos a esse monge, e dirigiu-se particularmente a mim, porque o frade estava vivendo em meus domínios. Acordei novamente, repeti a oração do Senhor, roguei a Deus para preservar sua santidade e adormeci. ...

"Então sonhei que todos os príncipes do império, e nós com eles apressamo-nos para Roma, e nos esforçamos um após o outro para quebrar sua pena; mas quanto maior nosso empenho mais forte ela se tornava: ela estalava como se tivesse sido feita de ferro, desistimos sem esperança. Então perguntei ao monge (pois estava ora em Roma, ora em Wittenberg) onde ele havia obtido aquela pena, e como ela se tornou tão forte. 'Esta pena', respondeu ele, 'pertenceu a um ganso da Boêmia há cem anos. Eu a obtive de um de meus antigos mestres. Ela é tão forte porque ninguém pode extrair seu cerne, e eu mesmo estou espantado com isto.' Subitamente eu ouvi um alto clamor: da longa pena do monge tinha sido emitido um exército de outras penas. ... Acordei pela terceira vez: era dia claro."

Duque Jonh: -"Qual a sua opinião, Sr. Chanceler? Teremos aqui um José, ou um Daniel, ensinado por Deus!"

Chanceler: -"Sua alteza conhece o provérbio vulgar, que os sonhos das jovens, homens sábios e grandes senhores têm geralmente algum significado oculto. Mas não ficamos sabendo o significado destes por algum tempo, até que os eventos tenham ocorrido. Por este motivo, confie seu cumprimento a Deus, e deposite tudo em suas mãos."

Duque Jonh: -"Minha opinião é a mesma que a sua, Sr. Chanceler; não é apropriado para nós torturar nossas mentes para descobrir a interpretação deste sonho: Deus dirigirá tudo para sua glória."

O eleitor: -"Que nosso Deus fiel assim o faça! Ainda que nunca esquecerei este sonho. Tenho pensado em uma interpretação... mas me conterei. O tempo mostrará, possivelmente, se tenho conjecturado corretamente." ...

Em 31 de outubro de 1517, ao meio dia do dia anterior ao festival, Lutero, que tinha já predisposto sua mente, caminha ousadamente em direção à igreja, para a qual uma multidão supersticiosa de peregrinos estava se dirigindo, e posta na porta noventa e cinco teses ou proposições contra a doutrina das indulgências. Nem o eleitor, nem Staupitz, nem Spalatin, nem mesmo qualquer de seus mais íntimos amigos tinha sido informado de suas intenções.

sábado, 13 de março de 2010

O que realmente importa

O que realmente importa

Não é a embalagem, mas o conteúdo

Não é como alguém se comporta

Mas o motivo por trás de tudo


O que realmente importa

Não são palavras que exprimimos

Mas o que nos conforta

É o que de fato sentimos


O que realmente importa

Não é estar longe ou perto

Mas fazer de si mesmo uma porta

Por onde entrar de coração aberto


O que realmente importa

Não é o tudo por que passamos

Se nossa estrada foi direita ou torta

Mas quanto realmente amamos.


terça-feira, 9 de março de 2010

Rótulos

Um fato que me impressiona é o modo como nós, seres humanos, costumamos rotular as outras pessoas. Por exemplo, basta alguém se vestir de preto e usar franja para se dizer que é emo. Ou ter convicções religiosas para ser considerada fundamentalista ou mística. O problema desta abordagem simplista e superficial de criar "pacotes" de comportamentos para distinguir as pessoas é que deixamos de ouvir o que elas têm a dizer. Damos uma olhada nelas e as colocamos em determinado "pacote". Com isto temos a ilusão de que já sabemos o que importa sobre elas e o que elas têm a dizer, porque temos uma lista de itens que caracterizam as pessoas do "pacote".
Li em uma ocasião que as pessoas raramente perguntam, ao ouvir algo, se aquilo é verdade, mas ao invés: "quem acredita nisto?" E se aqueles que têm mais prestígio entre elas, como phds ou líderes religiosos, ou ainda, a maioria, não acredita naquilo, então elas também não. Desta forma, renunciam ao próprio raciocínio e se submetem ao julgamento de outros.

Palavras são ouvidas, mas o preconceito impede que os argumentos sejam avaliados imparcialmente. Contaram-me sobre um filme que foi feito a respeito de um caso que aconteceu nos Estados Unidos há anos atrás. Uma menina negra foi estuprada por um homem branco e seu pai matou o estuprador. O pai foi preso e ia receber uma forte condenação. O advogado fez sua defesa esmiuçando os terrores pelos quais a criança passou e o que ela sofreu, mas o que foi crucial na decisão dos jurados foi a frase com a qual ele terminou seu relato: "Agora imaginem que esta menina era branca."

Da próxima vez em que você encontrar alguém, esqueça suas roupas, sua posição social, sua cor, sua opção sexual, sua religião e imagine que esta pessoa é alguém que tem credibilidade no seu conceito. Feche os olhos e imagine que é aquela pessoa falando. O que ela diz faz sentido?

Obs: Não defendo a posição de se fazer justiça pelas próprias mãos, mas, este caso do pai não podia ser igualado ao de alguém que planejou um assassinato ou que matou durante um assalto.

sábado, 6 de março de 2010

Darwin e Origem das Espécies

Há mais ou menos um ano eu li o livro de Darwin On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life. Terminei o curso de Biologia, fiz mestrado e nunca tinha lido este livro. E o que me surpreendeu foi que ao invés de me entediar, achei muito interessante. Gostei muito da leitura. Aproveitei o impulso e li a biografia de Darwin, afinal, o mundo estava comemorando os 150 anos de A Origem das Espécies e os 200 anos do nascimento de Darwin. Na ocasião, escrevi algumas coisas em função do que li e transcrevo uma parte delas aqui.

Em 1859, foi publicado o livro de Charles Darwin, A Origem das Espécies (em inglês: On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life. Na introdução de seu livro, Darwin descreve como chegou a ele e às conclusões ali expressas.

Darwin relata que, durante sua viagem a bordo do Beagle, alguns fatos pareciam lançar "alguma luz sobre a origem das espécies". Em seu retorno, pareceu-lhe que algo poderia ser feito a respeito desta questão por pacientemente reunir fatos e refletir sobre eles. Após cinco anos, ele se permitiu "especular sobre o assunto" e redigiu algumas notas que ampliou em 1844 em um esboço das conclusões. Três anos mais tarde, sua obra estava quase finalizada. Ele informou que seu "resumo" estava "necessariamente imperfeito" e que ele não podia fornecer "referências e autoridades" para suas declarações, em que, sem dúvida, seriam encontrados "erros". Ele sentia necessidade de publicar, posteriormente, em "detalhes todos os fatos, com referências", sobre os quais suas "conclusões estavam baseadas". Ele estava cônscio de que "escassamente um único ponto foi discutido neste volume a respeito do qual não podem ser aduzidos fatos".

Darwin inicia sua reflexões sobre a origem das espécies descrevendo as variações induzidas pelo homem em espécies de plantas e animais domésticos. Em seu próximo capítulo ele relata a ampla variação que ocorre dentro das espécies na natureza, dificultando, muitas vezes, o classificá-las como variações ou outras espécies. Ele sugere que estas variações fariam parte do processo de surgimento de novas espécies. A seguir, é delineada a luta-pela-existencia, baseada nas idéias de Malthus, com a conclusão de que pequenas mudanças em uma espécie, de algum modo favoráveis, seriam retidas e passadas às próximas gerações, configurando-se assim uma "seleção-natural", que seria realizada pela natureza ao invés da seleção artificial realizada pelo homem. A luta pela existência
levaria à inevitável extinção de espécies menos adaptadas. O processo da seleção natural de espécies mais adaptadas seria contínuo e lento, acumulando variações ao longo de extensos períodos geológicos. Durante sua viagem no Beagle, Darwin leu o livro Princípios da Geologia de Charles Lyell, que
propunha longos períodos de tempo de mudanças graduais para o estabelecimento das configurações geológicas.

Entre os sexos, a seleção ocorreria não devido a uma luta pela existência, mas a uma disputa entre os
machos pelas fêmeas, sendo vitoriosos e produzindo descendência mais numerosa os machos mais fortes ou aqueles portando características mais atraentes para as fêmeas. Isto determinaria que estas características fossem fortalecidas na espécie enquanto as dos machos menos bem sucedidos enfraquecidas e, talvez, até extintas. O isolamento geográfico seria um elemento importante na seleção natural, pois detendo a imigração de variedades mais adaptadas e a competição, premitiria a uma outra variedade ser lentamente aprimorada e produzir uma nova espécie. A seleção natural levaria a divergência de caracter: quanto mais seres vivos existissem na mesma área, mais eles divergiriam em estrutura, hábitos e constituição.
Na luta das espécies para aumentaram seus números, quanto mais diversificados os descendentes se tornassem melhores seriam suas chances de sobrevivência.

Como motivo para não se encontrarem especies-intermediarias no registro-geologico, Darwin alega a extrema imperfeição deste registro. Comenta as dificuldades de preservação dos fósseis. Partes moles não podem ser preservadas, partes duras como conchas e ossos se desfazem quando depositadas no fundo do oceano, onde sedimento não se acumula. Restos que são envolvidos por areia ou cascalhos são dissolvidos por percolação da água da chuva por ocasião do erguimento do leito. O sedimento acumulado deveria ser extremamente espesso, sólido ou formado por extensas massas para resistir à incessante ação das ondas quando erguido e sofrendo posteriores oscilações de nível. Uma camada fossífera espessa e extensa só poderia se acumular durante um período de subsidência, mas o mesmo movimento de subsidência tenderia a afundar a área fazendo derivar o sedimento. Seria necessário um equilíbrio exato entre a subsidência e o suprimento de sedimento para preservar o registro.

Em sua revisão do livro, no último capítulo, Darwin declara que acreditava que todos os animais descendiam de, no máximo, quatro ou cinco progenitores e as plantas de um número menor ou igual. Ele escreve que, a partir das semelhanças entre todos os seres vivos, tais como composição química, estrutura celular e leis de crescimento e reprodução, ele infere que provavelmente todos os seres orgânicos tenham descendido de uma única forma primordial. ...

Deixando de lado as definições e considerando a obra de Charles Darwin, A Origem das Espécies, é inegável que ela é extremamente coerente, produto de amplas observações da natureza e profundas reflexões, das quais ele conseguiu extrair alguns fatos e princípios bem estabelecidos, como variações, seleção natural e características fixadas e herdáveis nos organismos.

Por mais que o raciocínio de Darwin tenha sido brilhante e encontre correspondência na natureza, sua obra não pode ser chamada de teoria, do ponto de vista rigorosamente científico, senão no sentido popular da palavra. Isto porque, como já foi mencionado [no texto original],
uma teoria, cientificamente falando, é uma estrutura matemática. Outras definições para a palavra teoria nos fariam cair no terreno inseguro das racionalizações e paradigmas humanos elevados a categoria de verdades absolutas que não podem ser contestadas unicamente porque alguns seres humanos acreditam que seu raciocínio é melhor do que o dos outros.

Darwin, no entanto, na introdução da "Origem", se mostrou consciente de que suas reflexões eram especulações, como ele mesmo disse, de que sua obra estava imperfeita e incompleta e de que faltavam fatos para aduzirem suas idéias. Por mais que algumas idéias pareçam boas, é preciso que se tenha em mente que quando as coisas são devidamente formalizadas em uma estrutura matemática, surgem muitos dados que não se consegue prever com o raciocínio não formal.

Uma declaração de Darwin, por exemplo, que hoje é tratada como um fato que não pode ser contraditado, pelo menos não se admite outra explicação, é a de que todos os seres orgânicos teriam descendido de poucas ou de uma única forma primordial. Ele conclui isto baseado em semelhanças entre todos os organismos. Isto é uma hipótese, que não foi devidamente testada, diga-se de passagem, pode ser uma boa hipótese, mas é apenas isto.

Existem muitas observações, experimentos, técnicas e modelos computacionais e matemáticos sendo relizados para esclarecer mecanismos de especiação, seleção, proximidade e divergência entre espécies (baseadas no genoma, por exemplo).
Mas quanto eu saiba, não existe nenhum experimento, modelo computacional ou matemático demonstrando (que não seria a mesma coisa que mostrar que é possível) que todos os organismos vivos têm um único ancestral comum.

Dez trilhões de cientistas acreditando em uma idéia não tornam esta idéia mais científica do que qualquer outra se ela não pode ser demonstrada.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Se eu pudesse ...

Se eu pudesse te contar agora
Falar-te do mundo invisível
Da alma que ora e que chora
Do cimo de sonho intangível

Se eu pudesse te falar agora
Fazer mais forte a tua firmeza
Abriria a caixa de Pandora
Se eu te desse uma certeza?

Se eu pudesse te mostrar agora
O que faria teu destino brilhar
Dar sem receber e ir embora
Um dom que nunca irá passar

Se eu pudesse te beijar agora
Com o beijo da felicidade
Blindar-te contra a dor da hora
Sem tocar tua face de verdade

Se eu pudesse sussurrar agora
Fazer-te saber o meu segredo
Sem caíres do caminho for a
Sem perderes a razão tão cedo

Se eu pudesse te erguer agora
Para além da paixão humana
Ao poder que eleva e vigora
No auge da batalha insana

Se eu pudesse te amar agora
Se eu pudesse te fazer amar
E chorar por quem por si não chora
E amar a quem não sabe amar

Obs.: Esta poesia pode ser copiada desde que seja mantido o nome da autora.